Celibato: há quem seja mais lerdo que a mulher do padre


Quem defende o fim do celibato de padres, além de não ter cabeça oriental, não deve entender bem o que significa um casamento católico. Digo cabeça oriental para concordar com Papa Francisco que afirmou que “A Igreja Católica tem padres casados, católicos ​​gregos, católicos coptas e no rito oriental.”

bolo-mulher-do-padreEu sou casado. Minha esposa tem total permissão minha para interferir e opinar em qualquer assunto da minha vida, seja no trato com os amigos e parentes, seja quanto à decisões que a profissão demanda; ela pode, inclusive, assumir o meu lugar em compromissos.

Agora: eu sou administrador de sistemas/redes e ela é professora de português/literatura. Evidentemente, se existe uma dúvida de caráter tecnológico, ela não estará apta a bater o martelo, talvez nem mesmo argumentar avaliando uma ou outra opção, julgar viabilidade ou não de determinado planejamento, etc. O mesmo vale para o contrário: eu, que atingi apenas a completude do ensino médio, jamais poderia elaborar uma prova de português ou uma aula decente de interpretação de algum clássico da literatura brasileira.

Muito bem. Os padres formam-se após longos 8 ou 10 anos de estudos (1 ano de propedêutico, 3 de filosofia, 1 ano de missão, 4 de teologia, 6 meses a 1 ano de diaconato) – de acordo com levantamentos dos amigos Cristiano Ramos e André Brandalise -, variando conforme a congregação. No seminário são instruídos em filosofia, teologia dentre outras disciplinas fundamentais para o trato com os homens e mulheres que eventualmente serão submetidos à sua direção espiritual. Aconselhar não é uma tarefa fácil. A respeitável “madre” se submeteria a toda essa formação, para então tornar-se “mulher do padre”?

Além da tarefa de guia moral e espiritual, há a administração paroquial. Mulheres são geralmente boas donas de casa, mas igrejas não costumam ter crianças em tempo integral morando nelas – a menos que abrigue um orfanato, o que já é uma outra história… – e logo, a “mulher do padre” jamais estaria tão disponível quanto o seu esposo. Cumpre lembrar que quanto mais pessoas com poder de decisão, mais demoradas podem se tornar as mesmas, o que pode representar, para uma paróquia, atrasos em seus serviços, projetos de ampliação, etc.
A rotina sacerdotal também exige uma considerável reserva de tempo dedicado à oração, adoração e contemplação de Deus. A “madre” teria mais essa carga a adicionar à sua rotina diária de cuidar da casa, dos filhos… O casamento católico pressupõe construção de família, mas não vale vir dizer que qualquer casalzinho normal pode dispor de empregada e babá, porque normalmente as moças não desejam casar com padres.

(Fonte: Portal PM Brasil)

(Fonte: Portal PM Brasil)

Ficasse a discussão só nos aspectos de “casinha”, ainda daria para debater bastante. O problema é que costuma-se utilizar o fim do celibato sacerdotal como uma bandeira da luta contra os abusos sexuais cometidos por padres, em especial os casos de pedofilia. E é aí que eu digo que quem pensa assim, está enganado. Essencialmente por sustentar que, tendo o homem a “válvula de escape” matrimonial para o seu impulso sexual, jamais dirigiria a sua libido para as crianças. Ora, quantos homens casados você conhece que são adúlteros? A teoria dessa gente está longe da corresponder à realidade prática.

Mas, claro, conforme nos disse o Santo Padre, ainda é bastante razoável ser “a favor de que se mantenha o celibato, com seus prós e contras, porque são dez séculos de boas experiências, mais que de falhas”. Não vejo nada demais falar a respeito. O engraçado é ver a parcela progressista da sociedade tratar o assunto como um tabu. Afinal, “não é um debate sobre um dogma, mas sobre uma regra de vida que (…) é um dom para a Igreja”.

Em se tratando de Igreja Católica, é mais lógico que se procure fortalecer nossos sacerdotes para que voltem a ser dignos ministros de Nosso Senhor Jesus Cristo, respeitáveis e confiáveis figuras públicas. Devemos não só rezar pelas vocações sacerdotais, como rezar constantemente pela santificação do clero.

Fomentar o fim do celibato é só a velha fraqueza humana de pedir a extinção dos fardos considerados pesados demais pra se carregar.

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