O deputado federal pelo RJ Jean Wyllys (PSOL) aproveitou os preparativos para a Copa 2014 para investir em seu projeto de lei reciclado de regulamentação da “profissão” de prostituição. Como tem sido noticiado nesses últimos dias, prostitutas estão recebendo – juntamente com empregados de outras atividades comerciais, tais como garçons e taxistas – treinamento em inglês para, err…, melhor atender os turistas.
Basicamente, o deputado deseja que as casas de prostituição sejam regulamentadas, de forma a dar maior segurança às mercadorias empregadas (especialmente quanto à sua integridade física) e, com legislação adequada, proporcionar os ditos direitos trabalhistas de que gozam hoje demais ramos de atividade. Aí mora um certo perigo, aliás: como eu comentei no twitter, Jean Wyllys está certo ao dizer que prostituição infantil não existe, mas sim exploração sexual de menores. Entretanto, uma equiparação da prostituição às demais atividades comerciais, conferindo-lhe os mesmos benefícios e mesmas potencialidades nas relações trabalhistas, é um passo no caminho de abominações como programas de “jovem aprendiz (prostituta)”, programas de estágio para, imagine só!, meninas de 14-17 anos, quem sabe… Portanto, é incoerente falar em combater a exploração sexual de menores quando se procura incentivar a prostituição.
Com certa razão, também, do deputado se queixa de enfrentar barreiras morais e religiosas no caminho rumo à aprovação da imundície. Graças a Deus! Sinal de que ainda há uma resistência que deseja conservar e preservar os bons valores nessa sociedade.
Numa entrevista recente ao site UOL, o deputado comentou sobre a resistência que se encontra também dentro de círculos feministas, dentro e fora do país. Pela forma com que falou do famigerado Femen, acredito que não agrade a Wyllys a inócua atitude de exibir os seios em sinal de protesto. Muito bem: A mulher que usa o corpo como chamariz de protesto não se valoriza. A cidade que usa suas prostitutas como chamariz de turista também não.
Bem, o que me moveu a redigir este novo artigo foi reproduzir uma conversa que tive em outro blog, com um rapaz identificado como Alexandre, onde pude argumentar sobre o porquê de se opôr a essa prática de troca de favores sexuais por dinheiro. Como pode esta atividade, que alguns (inclusive Wyllys) querem fazer crer só dizer respeito às escolhas de vida das prostitutas, afetar várias pessoas e famílias. E como a indignidade de tal atividade sexual imoral representa um defeito e uma miséria não só das mulheres transformadas em objetos, mas dos homens que as procuram.
Com isso reafirmo que a discussão deve ser no campo moral, que pauta os preceitos da convivência em sociedade. E denuncio como pensam os defensores da libertinagem (como Wyllys) para os quais decoro e decência não passam de conceitos superáveis e retrógrados.
OBS: É uma conversa razoavelmente extensa.
***
ALEXANDRE: (…) não há como se comparar tráfico, jogos de azar e corrupção com prostituição e por uma razão muito simples: o que separa a prostituição das demais práticas é o prejuízo. O traficante traz prejuízos financeiros e emocionais as pessoas com eles envolvidas. Os jogos de azar também. Corruptos então, quantos prejuízos não trazem!!!! – E prostitutas? – trazem prejuízo a quem?? – a que??? – sei muito bem a que: ao moralismo disfarçado ora de bons costumes, ora de cristianismo, ora de ideal da família.
EU: Alexandre, o traficante causa prejuízo financeiro e emocional para as pessoas envolvidas diretamente, ou seja, para os que pagam por seu serviço E indiretamente para quem depende deste “consumidor”, como seus filhos, esposa e demais dependentes.
De maneira perfeitamente análoga, a prostituição traz prejuízo emocional e financeiro para a família do “consumidor”. Ou por acaso é mero moralismo condenar o adultério?
As esposas vítimas do adultério deverão sentir alívio quando seus maridos as traírem com prostitutas de carteira assinada?
E este é só um dos pontos de vista desfavoráveis.
Supondo que se regulamentasse a “profissão” de prostituta. Imagina-se que Continuar lendo →