Leia também: O metal e o madeiro – parte 1
Saudações!
Devido ao sucesso da parte anterior, continuando o passeio pelas músicas de heavy metal que trazem conteúdo cristão, nesta segunda parte teremos mais uma música da banda Helloween (que é uma das minhas preferidas), uma música de um dos melhores álbuns de outros alemães aclamados pelo público “headbanger”, Blind Guardian, uma música da polêmica “donzela-de-ferro”, Iron Maiden e uma faixa bônus do virtuoso Dream Theater.
É altamente recomendada a leitura da parte 1, para conhecimento dos argumentos que me apoiaram e motivaram estes artigos.
Começo, pegando o gancho da Páscoa, com a música do Blind Guardian. O nome da banda significa literalmente Guardião Cego. A discografia da banda é grandemente inspirada no folclore medieval europeu. Eles até mesmo lançaram um álbum inteiramente dedicado ao mundo da literatura de J. R. R. Tolkien, chamado Nightfall in Middlearth.
Esta música oferece uma idéia da humanidade de Cristo, do seu sofrimento humano, da angústia no Getsêmani, minutos antes da prisão. Olhando de perto, vemos que o compositor quis ilustrar o conflito de Jesus que o levou a pedir o afastamento do cálice (cf. Mt 26, 39).
Um dos pontos mais interessantes para nós, cristãos, é o final da ponte (trecho “Mas realmente justifica…”). O mundo secularizado, por fechar-se para Deus, tem dificuldade de compreender a grandeza do gesto da Paixão, a importância que teve para a raça humana.
Bacana também é notar que o compositor esboçou concordar com o fato de que Jesus, sendo Deus, sabia de tudo. Deixou o trecho “Nós o pegaremos em casa esta noite, é tudo que você precisa saber”, que seria o que foi dito para Judas, quando da combinação da prisão de Jesus.
Sadly Sings Destiny A wooden cup And a crown of thorns Will set up the stage for the cross I rent a room next door There is nothing more No further voices hear I’ll be free It doesn’t matter anymore That somesone’s knocking at my door I’ve known it long before The galilean’s on the floor Shame on me Shame on me I’m a tool and nothing moreI can feel it’s getting nearer Images they’ll turn out clearer Creeps in and out of you mind I’m destiny personified I know there’s something more behind But is it really justified To sacrifice To crucify The rescue of the human kind?Sadly sings destiny Sadly sings destiny “Por ages I’ve been waiting Now spring is in the air Let it in”I hear them howling, hear them scream The raging mob turns mad it seemd “The king’s in town we need a crown” I think we all know How it ends “So we’re not going take it longer” There I tie the ass So I can’t stand it any longer |
Tristemente Canta o Destino Uma taça de madeira E uma coroa de espinhos Irão preparar o palco para a cruz Eu alugo um quarto vizinho Não há nada mais Chega de vozes para se ouvir Eu serei livre Não importa mais Que alguém esteja batendo à minha porta Eu soube disto há muito tempo O Galileu está no chão Eu deveria me envergonhar Eu deveria me envergonhar Eu sou uma ferramenta e nada maisEu posso sentir, está chegando mais perto Imagens se tornarão mais claras Movendo-se dentro e fora de sua mente Eu sou o destino personificado Eu sei que há algo a mais por trás Mas realmente justifica Sacrificar Crucificar O resgate da raça humana?Tristemente canta o destino Tristemente canta o destino “Por séculos eu estive esperando Agora a primavera está no ar Deixe-a entrar”Eu os ouço uivar, os ouço gritar Parece que a multidão raivosa enlouqueceu “O rei está na cidade Precisamos de uma coroa” Acho que todos nós sabemos Como isso termina “Então não iremos agüentar mais” Ali eu amarro o asno Então eu não agüento mais |
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Helloween… Essa banda me diverte bastante. Letras como estas me fazem ver o quanto muitos roqueiros lutam para não acreditar no cristianismo, provavelmente por preconceito com a Igreja Católica. Isso me dá tranquilidade de apreciar seu trabalho sem pôr minha consciência em risco.
A letra apresenta uma visão crítica de Jesus, um pouco como a anterior, do Blind Guardian. Traz a abordagem de um Jesus como divindade menor, um anjo. Como se Cristo tivesse sido mesmo só um profeta que sofreu e morreu pelo bem da obra de Deus, e que não estaria exatamente satisfeito com isso, hehe. Isto nos conduz também à reflexão do nosso relacionamento de fé com Deus: somos mesmo subservientes a Ele? Confiamos e aceitamos piedosamente os seus desígnios, ou procuramos manter um relacionamento de “troca justa”, onde só aceitamos dar para receber, e na mesma medida?
Não deixem de notar a menção ao Espírito Santo, aí chamado de “santo fluxo”, numa provável confissão de desconhecimento do real significado da Santíssima Trindade…
The Invisible Man I am the one who wants to show You a secret of your cheating world Wherever I will go – No one can see me ‘Cause I’m the invisible manI’m a creature with one goal Rise up to heaven when the time has come I have no body but a soul Gods law is written on my way, foreverTime by time I think it’s over The malediction I have got When the world was younger I’ve been captured in the name of God To save people, but who cares? Since a thousand years Until the holy land will comeHere I am the invisible man A lost fallen angel helping mankind where I can My memories are there to save your world For you I’m the invisible man There’s the destiny you don’t know |
O Homem Invisível Eu sou aquele que quer te mostrar, Um segredo do seu mundo sacana Onde quer que eu vá – Ninguém pode me ver Porque eu sou o homem invisívelEu sou uma criatura com uma meta Ir para o céu quando a hora chegar Não tenho corpo, apenas uma alma Leis Divinas estão escritas no meu caminho, para sempreHora após hora eu acho que acabou A maldição que Tenho Quando o mundo era mais jovem Eu fui capturado em nome de Deus Para salvar as pessoas, mas quem se importa? Desde uns mil anos Até que a terra santa viráAqui estou eu: o homem invisível Um anjo caído perdido ajudando a humanidade como eu posso Minhas memórias estão lá para salvar o seu mundo Para você eu sou o homem invisível Há o destino que você não conhece |
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Acatando a sugestão do Jack Leite P, um dos católicos que conheci pela rede do twitter, revisitei esta música do Iron Maiden que só havia ouvido umas duas ou três vezes sem prestar atenção na letra antes. A propósito, o nome da banda, cuja tradução significa “Dama-de-ferro” refere-se a um famoso instrumento de tortura medieval/moderno que consiste num ataúde recheado de pregos que sangram o prisioneiro sem matá-lo logo. É uma crítica à Igreja? Bem, digamos que é uma “alfinetada”, hehe…
Ah! Checando rapidamente a wikipedia, tem-se o apontamento de que acredita-se que o tal instrumento de tortura só tenha mesmo sido criado em meados do século XVIII. Um dos exemplares mais reconhecidos foi encontrado por volta de 1802 em Nuremberg, Alemanha. Ele trazia uma representação de Maria, mãe de Jesus. Não obstante, a mesma wikipedia avisa que Nuremberg tornou-se protestante em 1525 e que até 1806 “nenhum católico podia receber o direito da cidadania local, somente os luteranos”. Não estou querendo jogar a culpa pra cima de ninguém (muitos conhecem meu posicionamento quanto ao protestantismo), mas é só ligar os pontos. 😉
O conteúdo da letra é interessante. Basicamente é uma crítica às guerras santas. É comum ouvirmos, lermos ou mesmo recebermos críticas pré-fabricadas às Cruzadas, à Inquisição o ainda à evangelização jesuíta na América. Isto sempre ocorrerá. Diante disso, o bom católico deve estar atento e saber sustentar sua posição do lado da Igreja que, enquanto corpo místico do Cristo Jesus, não falha em sua missão sagrada de redimir a humanidade pecadora. Vemos muitos exemplos de pessoas pretensamente pacifistas. Muitas letras do Iron Maiden (entre outras bandas de heavy metal) cantaram batalhas – por vezes até famosas – por diversas vezes criticando a sede de sangue do homem. No entanto, não podemos cair no erro de relativizar e igualar as guerras santas (especialmente as do passado) com as guerras modernas. Existem pelo menos dois pontos preliminares a se considerar: 1) QUALQUER discurso pacifista sofre o risco de desmerecer as conquistas territoriais da nação do orador. Faz mesmo sentido condenar toda e qualquer guerra, cegamente? 2) Novamente: um católico que realmente ama a sua igreja, que a conhece e confia mais nela que no mundo não pode negar o valor nem das guerras travadas pelo povo hebreu/judeu, pois seria dizer que o próprio Deus estava errado em combater em favor deles, em benefício do Seu plano salvífico (e isso já seria no mínimo uma blasfêmia!), nem da resistência do passado contra o avanço do islamismo, tão prejudicial ao patrimônio histórico da humanidade e ao próprio cristianismo em si.
Enfim, a visão do compositor, olhando bem, nem é lá muito diferente da visão preguiçosa dos nossos rebeldes-sem-causa neoateus intelectualóides da “internê” de hoje em dia… Isto fica muito claro no verso “Você sabe, a religião tem muito a que responder”. Nós podemos até admitir isso, e podemos também responder. E quanto a eles? Conseguem admitir que a Igreja não foi só uma foice que “ceifou a vida de tanta gente inocente”? Os músicos de heavy metal são eruditos. Porém poucos devem saber ou admitir as boas ações da Igreja. Para estes, um pouco do conhecimento histórico que Santo Agostinho nos legou cairia bem. Em sua obra De Civitate Dei – A Cidade de Deus -o bispo de Hipona registrou como o cristianismo foi decisivo para a reconstrução da civilização Romana, após a destruição pelos bárbaros godos (por cerca de 410 d.C.:
Atestam-no as capelas dos mártires e as basílicas dos apóstolos, que em plena desolação de Roma abriram o seio a quantos, cristãos ou gentios, nele buscavam refúgio. Até o sagrado limiar o furioso inimigo banhava-se em sangue, mas nessa barreira a raiva assassina expirava. Para esses lugares alguns vencedores, tocados de compaixão, levavam aqueles que, mesmo fora de tais recintos haviam poupado, para subtraí-los a mãos mais ferozes (…) – Livro Primeiro, Capítulo I
Ao mesmo tempo, pelos versos “E enquanto Ele se encontra no paraíso/ou seria no inferno” o compositor nos revela que em sua opinião obstinada ele não conhece verdadeiramente a Deus, ou o julga de maneira errada. Ainda assim, nas entrelinhas eu leio muita relutância em decidir se Deus é culpado ou não pela “estupidez do homem”. A letra termina com um registro respeitoso do sacrifício de Cristo na cruz. Devemos ter em mente que alguns dos que “nunca lamentaram sua perda” ainda hoje estão entre nós, católicos, cristãos.
For The Greater Good Of God Are you a man of peace Or man of holy war Too many sides to you Don’t know which any more So many full of life But also filled with pain Don’t know just how many Will live to breathe againA life that’s made to breath Destruction or defense A mind that’s vain corruption Bad or good intent A wolf in a sheep’s clothing Or saintly or sinner Or someone that would believe A holy war winnerThey fire off many shots And many parting blows Their actions beyond a reasoning Only god would know And as he lies in heaven Or it could be in hell I feel he’s somewhere here Or looking from below But I don’t know, I don’t knowPlease tell me now what life is Please tell me now what love is well tell me now what war is Again tell me what life is More pain and misery in the history of mankind And as they search to find the bodies in the sand And all because of it you’d think that we would learn Please tell me now what life is For the greater good of God He gave his life for us he fell upon the cross |
Pelo bem maior de Deus Será você um homem da paz Ou um homem da guerra santa? Há muitos lados para se escolher Não sei mais qual deles tomar Tantas pessoas cheias de vida Mas também cheios de dor Não sei quantos Irão viver para respirar novamenteUma vida que foi feita para respirar Destruição ou defesa Uma mente que se envaidece na corrupção Boas ou más intenções Um lobo em pele de cordeiro Ou santo ou pecador Ou alguém que acreditaria, Um vencedor da guerra santaEles disparam tantos tiros E fazem tantos ataques As atitudes deles estão além da compreensão Apenas Deus saberia E enquanto Ele se encontra no Paraíso Ou seria no Inferno Eu sinto que ele está aqui em algum lugar Ou então está me olhando de baixo Mas eu não sei, não seiPor favor me diga agora o que é a vida Por favor me diga agora o que é o amor Ora, me diga agora o que é a guerra Novamente me diga o que é a vida Mais dor e miséria na história da humanidade E enquanto eles procuram achar os corpos sob a areia E mesmo com tudo isso você pensou que nós iríamos aprender algo Por favor me diga agora o que é a vida Pelo bem maior de Deus Ele deu sua vida por nós, ele caiu perante a cruz |
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Para finalizar esta segunda parte (que eu nem imaginei que ficaria tão grande!) uma faixa bônus (ou duas, pra ser mais preciso). Para quem gosta de metal progressivo, esta música é um petardo. Para quem não gosta, é um convite com argumentação persuasiva para passar a gostar 🙂
Quanto ao nome da banda, pouco ou nada posso dizer, a tradução livre é simplesmente “Teatro dos Sonhos”. Estudei pouco as letras da banda. Até onde vi eles são razoavelmente neutros quanto à religião.
No fim das contas, a motivação para esta música cresceu com o trabalho que desenvolvi com a anterior, do Iron Maiden, pois apresenta um cenário de batalha também, mas numa perspectiva que até me agrada mais (quanto à musicalidade, putz… nem preciso dizer 🙂 )
Esta música é uma bela alegoria da realidade espiritual, com as tentações, a desilusão com Deus, e o reencontro com Ele. O compositor trabalhou de forma bastante artística a dramática sedução de Satanás: “Tudo que eu peço é que você me adore”. A primeira parte conta apenas este momento crítico em que a personagem perde a sua fé, acredita que vai morrer, e é “amparada” pelo demônio, que lhe garante a vida em troca de servidão. A segunda parte, já num momento cronologicamente adiantado (das oito músicas do cd, a primeira faixa é esta parte 1 e a última é a parte 2), narra o encontro dessa personagem com o “Mestre negro” e sua seita pervertida, o envio para o campo de batalha para eliminar os seus inimigos, onde a personagem acaba sendo tocada por Deus e se converte de volta, culminando com o enfrentamento e renúncia ao mestre negro, pouco antes de morrer, não entregando sua alma a ele. Eu destacaria ainda a “confissão” pecaminosa da personagem quando encontra o “mestre negro”. Quantas vezes somos acometidos de tentações e nos entregamos conscientemente… assim são os vícios, pecados mais difíceis de serem eliminados.
Notem que o momento da conversão citado é bem tênue. Destaquei separando na letra, na segunda parte, quando ele diz “Santo”. O compositor inclusive inspirou-se no salmo 22 pra escrever a estrofe que começa com “Senhor”.
In The Presence Of Enemies Pt.1 I saw a white light, shining down before me Do you still wait for your God I was forgotten, a body scorned and broken Do I still wait for my God Servants of the fallen Redemption, redemption for humanity *** In The Presence Of Enemies Pt.2 Welcome tired pilgrim Angels fall, all for you, heretic I’ve been waiting for you, Angels fall, all for you, heretic I cannot see his face Angels fall, all for you, heretic (…) Don’t Saint, I judge us, my eyes see Lord, Fear, I judge us, my eyes see (…) Servants of the fallen (…) My soul grows weaker |
Na Presença dos Inimigos Pt.1 Eu vi uma luz branca, brilhando perto de mim “Você ainda espera pelo seu Deus Eu fui esquecido, um corpo desprezado e quebrado Eu ainda espero pelo meu Deus Servos do homem caído Redenção, redenção para a humanidade *** Na Presença dos Inimigos pt.2 Bem-vindo cansado peregrino Anjos caem, todos por você, herege Eu tenho esperado por você Anjos caem, todos por você, herege Eu não posso ver seu rosto Anjos caem, todos por você, herege (…) Não Santo Eu nos julgo, meus olhos vêem Senhor, Medo Eu nos julgo, meus olhos vêem (…) Servos do homem caído (…) Minha alma vai ficando mais fraca |
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E agora, caro leitor: você conhece alguma outra música (só vale metal) que também trabalhe o tema do cristianismo de forma interessante? Quem sabe com a sua colaboração não surge uma parte 3?
ATUALIZAÇÃO: Acompanhe a discussão sobre o tema neste fórum: http://quemtembocavaiaroma.livreforum.com/t1161-influencia-crista-no-rock
Lindo o seu blog! Já o divulguei na minha lista de blogs, na postagem do meu blog sobre o 2E-blog e o coloquei no meu “board” Católicos no Pinterest.
Se tiver tempo coloque um comentário na sua postagem sobre seu blog no diretório abaixo.
VAMOS PARA O ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUEIROS!
BEIJOS,
http://DIRETORIO-BLOGS-CATOLICOS.BLOGSPOT.COM.BR/
http://vida-em-sociedade.blogspot.com.br/2012/04/eblog-encontro-de-blogueiros-catolicos.html
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Bem, muito bom seu texto, meu caro! E já que você falou bastante do Halloween, vou ouvir mais pra conhecê-los haha.
Bem, sobre as análises, gostaria de fazer algumas ressalvas. O nome “Iron Maiden” não surgiu de alguma cogitação ou algo acerca da Igreja, mas sim por causa do filme “O Homem da Máscara de Ferro”, que Harris havia assistido, na década de 70. Neste filme há referências sobre esta máquina de tortura e Harris viu que seria um bom nome para uma banda de heavy metal haha. Sobre a letra da música, realmente apresenta vários pontos clichês, onde se culpa “religiões” por muitas coisas… confesso que não havia notado muito essa parte, que é praticamente a música toda, pois eu sempre focava no final da música, que tem uma estrofe lindíssima, primorosa e fantástica, que me deixa sempre feliz e mais em comunhão com Deus quando a ouço. Enfim, certas músicas, mesmo não sendo cristãs, são capazes de me mostrar a maravilha de Deus e o amor de Cristo para com cada um de nós, por isso, continuarei ouvindo e aprofundando meus conhecimentos gerais e minha fé. Parabéns pelo texto, meu caro! Que Deus vos guarde e vos proteja com a intercessão da Virgem Santíssima.
Salve! Chegou a visitar o fórum? Tem mais informações sobre o Helloween por lá. Daria até pra fazer um artigo só com letras deles, hehe.
Agradeço a atenção em comentar. Fique com Deus.
Amigo, embora não concorde com algumas coisas que escreveste, não vou entrar em discussão porque, embora eu me considere cristão, não sou uma pessoa muito religiosa e nem tenho conhecimento sobre a Bíblia. O que percebo, porém, é que alguns apreciadores cristãos do gênero “metal” tentam às vezes “limpar a barra” de alguns artistas ou bandas, sendo que muitas vezes a menção a questões ocultas é evidente (Iron Maiden é campeão nisso, tanto em letras com temática cristã quanto em temática ocultista). Eu não me preocupo com isso porque não sou religioso, mas imagino que pessoas mais crentes possam vir a ter mais dificuldade em lidar com isso, pois considero essa situação um pouco conflituosa.
No mais, listo abaixo algumas músicas que têm alguma relação com isso. Penso que você tem muito mais propriedade para analisá-las do que eu:
Helloween – Hey Lord
Helloween – Lavdate Dominvm (se você não conhece essa, certamente vai se surpreender)
Iron Maiden – Sign of The Cross
Edguy – Land of The Miracle
Angra – Spread Your Fire
Fernando, te agradeço pela atenção dispensada, e pela participação.
Espero que meu artigo não tenha soado para muita gente como uma mera tentativa de aliviar a consciência de quem quer ser cristão e ouvir rock 🙂
Não acredito que exista lá uma necessidade de se conciliar o gosto musical com a crença, tampouco comungo da preocupação que algumas pessoas mais prudentes apresentam de que ser muito flexível na apreciação da arte secular possa causar prejuízo para a fé ou para o testemunho particular.
É claro que, no tocante às artes (não só a música, mas a literatura, a cinematografia, etc) há muito material não só profano (tomando a acepção mais básica da palavra, ou seja, aquilo que não faz referência à religiosidade) mas também blasfemo, hostil às religiões, sobretudo à cristã. Aí eu até acredito não seja de muito proveito dar tanta atenção a este último tipo. Por isso não fiz questão de incluir músicas e artistas que inspiram-se na religião cristã para apresentá-la de forma ridicularizada. Penso que não haja defesa para isso, até porque esta expressão de repúdio não comporta defesa ou argumentação.
A ótica que eu peguei para apresentar estas letras e artistas foi justamente a de que nem sempre a crítica feita à religião na arte é motivada por ódio. Penso que estes artistas são mais elevados e respeitáveis que grande parte dos que se vendem como “black metal” simplesmente porque enxergo na forma como eles as apresentam um mínimo de respeito pela religião em um ou outro aspecto (valores espirituais, valores sociais, etc) e que, uma vez não tendo um ódio infundado e pueril da religião, expressam um sentimento para com ela no sentido de que: “Po, é verdade que tem muito cristão bom mas, cara, é difícil engolir o catolicismo por isso, isso e isso…”, compreende?
E, claro, quis testemunhar sobretudo para os pagãos que o cristianismo não cega nem deixa alguém bitolado. É claro, pra carteira de leitores do Whiplash eu pareci ser apenas um “carola”, um “crente” maldito que cismou de ir pregar no meio deles. E as manifestações deles só fizeram justificar o objetivo do artigo, hehe.
Vamos às sugestões…
Pois é, o Helloween tem muita música que beira a aproximação com a religião. É bem interessante. Eu tomei conhecimento depois de publicar estes artigos de uma música chamada “I Believe” que é do álbum Chameleon. A este e o anterior, “Pink bubbles go ape” eu não dei ainda a devida atenção, mas esta letra, que foi escrita pelo Kiske (e figurou no último álbum da banda com ele) traz uma espécie de confissão bastante sincera sobre a condição de pecador. E a postura dele, em procurar se afastar do heavy metal (e mais do que isso: dissociar a imagem dele do metal) corrobora com a interpretação preliminar que eu fiz da letra.
Realmente dá para fazer um “metal e madeiro” só com letras do Helloween! 😀
Admito que não parei para analisar a “Sign of the Cross” do Maiden. Mas além dela lembro que há a “Hallowed be thy name” que rapidamente se ira contra Deus. Enfim, tudo isso mostra como o legado do cristianismo está presente de muitas formas, provocando as reações mais adversas.
Não conhecia esta do Edguy, vou pesquisar. Você conhece o Avantasia, certo? A primeira fase (Metal Opera partes 1 e 2) é um conto épico com ácidas críticas clericais. E por ser ficção tem o meu respeito. Não é nada para se alarmar. Não é caso de excomunhão, hehe.
E quanto à “Spread your fire”, não é só esta música. O álbum todo “Temple of Shadows” é conceitual também e traz críticas. Pegue a música maior, “The Shadow Hunter”. A personagem, já completamente descontente com Deus por ter perdido tudo que amava, diz: “ao fim da guerra santa (como em deixando a guerra santa de lado), Jesus era um homem (…) com uma alma tão divina como a sua”.
Analisando rapidamente: isto é blasfemo? Não. Pode ser herético, mas se considerarmos o contexto, e o fato de ser uma obra de ficção, pode ser aceito como uma afirmação UNICAMENTE da personagem, embora possa ser tomado como uma opinião do compositor extravasada através da personagem. Praticamente tanto faz. No entanto, a igreja Católica lidou nos seus primórdios com gente que procurava convencer multidões de que Jesus era unicamente humano, apenas mais um profeta. E também combateu quem defendia que ele era só divino, tendo sido a morte na cruz uma “encenação”.
Penso que tudo isso enriqueça principalmente a nós, cristãos. É importante saber como a Igreja, como o cristianismo é vista pelos olhos do mundo. Foi isso que eu tentei captar.
Paz e Bem
Volte sempre!
Esqueci de falar da Laudater Dominus. É mesmo sensacional. Eu aprecio muito o metal cantado em línguas diferentes do inglês. Há uma entrevista em que o Weikath diz que essa música foi uma homenagem aos fãs latinoamericanos. Ou ele acha que por causa da origem nós entendemos latim amplamente, ou se apegou mesmo ao conhecimento geral da expressiva fé cristã do povo daqui.
Olá oandarilho01,
Parabéns pelo excelente post. Sou um amante do Rock in Roll e concordo com seu posicionamento de que ouvir Heavy Metal, lógico que com alguma prudência, não influência em minhas convicções religiosas. E, pensando em prolongar essa temática que muito me agradou deixo algumas dicas de músicas que podem ser analizadas por você e postadas num próximo artigo:
1 – GRAVE DIGGER – The Last Super.
Se trata de um Hevy Metal muito bem executado com direito a refrão grudento e tudo. A música aborda a passagem bíblica da última ceia e sobre a traição de Judas. Esta é uma grande banda que indico a todos.
2 – IN EXTREMO – Ave Maria
Esta banda executa um Folk Metal (estilo que me identifico bastante) belissimo e emana medievalidade. A música trata, como sugere o tema, da Virgem Maria mais precisamente da Anunciação do Anjo Gabriel. Um verdadeiro Hino de Veneração à Grande Mãe de Deus.
(Abaixo uma versão acustica que ficou perfeita)
Para concluir deixo algumas indicações de bandas de Metal Cristão/Católico (vi seu post no forum sobre o interesse em conhecer mais sobre o Eterna e o Iahweh):
1- União – Banda de Heavy Metal brasileira;
2- Ceremonya – Banda de Rock/Heavy liderada pelo antigo vocalista do Eterna Danilo Lopes
3- Illuminandi – Banda de Folk Metal polonesa que que excuta um som épico muito bem elaborado.
4- Icarus – Um Heavy Metal muito bom de El Salvador
Valeu cara, até a proxima.
Olá, nuneskosta!
Fico muito grato pelo seu comentário e principalmente pelas sugestões. Vou escutar cada música assim que tiver tempo. Tenho um amigo que fala muito bem do Ceremonya.
Fique com Deus!
Vai ser bacana se você fizer uma postagem só com o Helloween. Há bastante material musical pra isso.
Falando na Donzela… A origem do nome também é uma referência à finada ex-primeira-ministra inglesa conhecida como Dama de Ferro (Iron Lady). Ela chegou a ser retratada na capa de um dos primeiros singles da banda. Os músicos a detestam.
Entendo que os integrantes têm alguma formação cristã (não católica) e respeitam a fé, mas, um pouco pela rebeldia do gênero e um pouco pelo conhecimento superficial optam por fortes críticas a práticas erradas ou polêmicas (guerras, cultos protestantes ou hipocrisia) ou por bobagens infantilóides (o Número da Besta descreve um sonho bobo que não tem nada a ver com o Apocalipse, embora a passagem do 666 seja citada no início da música).
Tem também “I Walk Beside You” do Dream Theater.