Contra a apologia homossexual pseudo-católica


É com pesar e uma ponta de asco que trago este alerta.
Tomei conhecimento recentemente de um grupo altamente subversivo que tem o objetivo de convencer os fiéis católicos de que a visão acerca do homossexualismo da Igreja Católica precisa e de certa forma já vem sendo revista.

No artigo do site deste grupo intitulado “Nosso ponto de vista“, discorre-se a respeito do intuito do grupo e de sua motivação de existir. Quero comentar alguns pontos onde notei discrepâncias mais berrantes:

Após 16 parágrafos ensaiando sobre o papel da Igreja perante a sociedade, caráter “definitivo mas nem tanto” da Revelação, necessidade de adaptação desta à realidade antropológica e sociológica vigente, etc, o autor lança uma leve gota de veneno aos olhos do leitor que visa fazer surgir uma dúvida acerca da validade dos dogmas. O parágrafo de número 17 traz (grifo meu):

No entanto, considerando a própria história da Igreja, por exemplo, no que diz respeito aos dogmas, não se pode concluir que esta interpretação do contemporâneo a partir dos dados objetivos já conhecidos da Revelação seja a única forma de crescimento no conteúdo da doutrina.

Uma esperta forma de sugerir que as definições, as regras de fé declaradas através de dogmas podem ser descartadas ou desconsideradas segundo a conveniência do teólogo de plantão quando assim julgar necessário para elucidar alguma novidade, como se a Palavra de Deus e o Magistério da Igreja Católica não possuíssem caráter universal e atemporal. Ora, se assim fosse, precisaríamos de uma encarnação do Verbo a cada geração!

Continuando a construir a sua distorção da validade dos dogmas o autor utiliza-se de conhecimento atribuído a um teólogo alemão:

O teólogo alemão contemporâneo Karl Rahner (1904-1984) explica como pode haver uma verdadeira evolução no dogma cristão, sem ser fruto de uma mera aplicação dos dogmas antigos.

A explicação que ele nos dá parte de uma comparação entre palavra humana e palavra divina. Quando um homem diz algo, a partir do momento em que é dito, quando a mensagem é ouvida por outros, ele já não tem nenhum poder sobre ela. O que foi dito toma rumos, ganha interpretações que não dependem mais da vontade e não estão de nenhuma forma sobre o domínio deste que disse tal palavra.

Com Deus é diferente. Ele é absolutamente consciente dos rumos que sua palavra toma ao longo da história. A palavra de Deus nunca se fecha, nem é “dita totalmente”. Mas, na medida em que novos contextos a provocam, ela se desdobra em sentidos que, se nem mesmo o hagiógrafo (autor sagrado) poderia sabê-los todos, estes não eram desconhecidos por Deus.

De cara, uma aparente falácia: parece ser, de fato, uma questão um pouco controversa a aceitação e adoção dos dogmas de fé. Mas para mim não faz sentido que uma verdade deixe de ser verdade em algum momento, e o dogma é em essência uma verdade de fé estabelecida pelo magistério da Igreja a fim de evitar ou eliminar dúvidas sobre algum determinado assunto. Sendo assim, o malabarismo apresentado de que “pode haver uma evolução de um dogma” é só uma distração mal-intencionada colocada ali no texto para sugerir que “o que já foi verdade para o povo de Deus em algum ponto da história pode não ser mais aplicável (e portanto deixa de ser verdade) em outra época”. Somente o relativismo, tão maléfico para a Igreja, pode pretender subverter a verdade.

Curiosamente, poucas horas antes de tomar conhecimento deste infame site, me bateu na memória um termo interessante que aprendi em um filme chamado Xeque Mate (2006, com Bruce Willis e Morgan Freeman): trapaça de Kansas City. A desconstrução que o autor do artigo faz do conceito de dogma se encaixa muito bem nesse termo, é um exemplo bastante fiel desta estratégia, ou melhor dizendo: deste golpe. Não vou tratar de explicá-la aqui para evitar escrever um spoiler. Vale a pena conferir o filme. Mas, para os curiosos, basta jogar o termo no google para ter contato com a explicação. Mas por que quis traçar este paralelo? Porque o autor evocou o conceito de dogma para introduzir sua defesa ao homossexualismo, sendo que não existe dogma da Igreja Católica que trate do homossexualismo.

Não podemos perder de vista o fato de que os apologistas da onda gay propõem uma discussão descabida, pois procuram delimitar o ser humano em uma dimensão sexual. Eles é que propõem um problema que simplesmente não tem razão de existir. A relação sexual homossexual é antinatural, por razões muito óbvias, como a condição anatômica, por exemplo. Para transcender os limites do que é tangível à razão e à observância é necessário um esforço no sentido de desafiar a ordem natural daquilo que se visualiza, observa, motivado por alguma razão, à guiza de experimentação, com algum objetivo. E, no caso do comércio carnal homossexual, este impulso é uma ação desordenada. O pecado da sodomia é tão extremo que parte da luxúria (obter o prazer sexual em si), mas é atiçado pela inveja (dada a necessidade imposta de assumir o papel do sexo oposto).

No entanto, os outros dois parágrafos deste trecho acima é que são verdadeiramente perigosos. O autor lança o seguinte pressuposto: quando um homem profere alguma declaração,  perde o poder sobre ela, ou seja, ela fica sujeita a interpretações diversas e até mesmo divergentes. Soma-se a isso a lembrança de que a bíblia, embora inspirada por Deus foi escrita por homens. Discretamente – poderíamos até dizer subliminarmente – o autor põe em dúvida este caráter de legitimidade e imutabilidade da Letra Sagrada. Para piorar, ele arremata dizendo que “Deus é absolutamente consciente dos rumos que sua palavra toma ao longo da história. A palavra de Deus nunca se fecha, nem é “dita totalmente””. Com isso, dentro do contexto da legitimação do homossexualismo, ele pretende que:

1) Deus castigou o homossexualismo e o condenou verbalmente por mero capricho temporal, e que Ele tinha já certeza e talvez até pretendesse (!) que esta questão tomasse uma interpretação e fosse encarada de maneira diferente no futuro;

2) embora toda a revelação já tenha sido feita, todo o necessário para a nossa busca pela salvação já tenha sido anunciado e revelado aos apóstolos pelo Espírito Santo (cf. Declaração dominus iesus, número 6 [1]), Deus guardou displicentemente ou propositalmente alguns itens da Sua vontade só para Si, permitindo que no futuro surgissem confusões entre Seus filhos.

Temo até em pensar que ele sugira ainda que Deus não tenha assim um domínio tão pleno dos rumos tomados por Sua Palavra, já que, sendo taxativo acerca da definição do gênero humano, da sexualidade, da complementariedade dos sexos (note que nem precisamos referenciar as condenações explícitas do homossexualismo e demais vícios sexuais, bastando considerar a clara definição do que é o natural, o correto) foi descuidado, dando margem às interpretações divergentes que católicos e pretensos teólogos fazem da palavra registrada na bíblia. É realmente muito terrível considerar este viés…

Aqui cabe lembrar que a interpretação da bíblia é delicada justamente porque demanda observar os textos sob múltiplas óticas, como a histórica e a lírica. Não obstante, deve-se ter em mente que o texto bíblico jamais pretendeu ser uma enciclopédia definitiva, absoluta, um manual de instruções para a operação do ser humano. Justamente por isto os escritos sagrados, em sua totalidade, oferecem aos gênero humano a orientação necessária para a salvação. Eles nos trazem a história desse plano da salvação engendrado por Deus, enquanto trajetória da humanidade rumo à reconciliação com Ele, na eternidade, contada com o plano de fundo do povo hebreu/judeu.

Na sequência, o parágrafo 21 começa com (grifo meu): “É justamente por isso que a Revelação é sempre contemporânea.”. A Revelação não é contemporânea, mas sim atemporal. Esta foi só mais uma semente de relativismo lançada pelo autor. É a velha idéia de que a Igreja tem que se moldar à modernidade.

No parágrafo 24 o autor flerta com uma obediência às Escrituras, ao comentar que a sexualidade já é tratada em diversas passagens, mas obviamente ele não fica satisfeito e vai adiante. Curioso é ver como alguns trechos servem e outros devem ser simplesmente reinterpretados ou desconsiderados por razões históricas (costume protestante). Não parece significar nada para ele a informação inequívoca de repúdio ao homossexualismo transcrita em Rom 1, 18.20-21.25-27.32

18 A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade. 20 Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência humana, por suas obras; de modo que não se podem escusar. 21 Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. 25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos, Amém! 26 Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. 27 Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. 32 Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem.

Notem que a atividade homossexual não foi um castigo aplicado ou despertado por Deus, mas um resultado do abandono Dele dos homens às suas próprias perversões, praticadas na contra-mão da verdade conhecida a respeito da vontade de Deus.

Com o parágrafo 29 o autor retoma a proposta indevida que comentei mais acima, das reivindicações de direitos que os gays fizeram, como se ser homossexual fosse pertencer a um terceiro (e quarto, quinto, décimo, enésimo…. dependendo da quantidade de hormônios absorvidos e cirurgias executadas) sexo que precisasse construir sua dignidade do zero, de uma forma que nem mesmo as ditas feministas precisaram fazer. Este povo sim – tomando emprestado uma expressão usada pelo autor – romantiza a condição social dos homossexuais que, a despeito das frentes médicas que procuram naturalizar a desorientação, o distúrbio que é o homossexualismo, é terminantemente questão de opção. Fechando o parágrafo ele cita a infame retirada do homossexualismo da relação de doenças psíquicas da OMS. Esta medida visou como objetivo maior facilitar a aceitação da pedofilia como orientação sexual legítima. Não é mistério para ninguém – nem tampouco segredo – que o homossexualismo está muito ligado à pedofilia.

E aí ele traz este “petardo”, esta “pérola” de obediência e fidelidade aos ensinamentos da Igreja (parágrafo 31):

Se na sociedade civil o reconhecimento desta maneira de viver a sexualidade (termo entendido aqui de maneira mais ampla possível) se dá lentamente, o que poderíamos esperar da Igreja?

É um acinte muito do rasteiro, digno de um neo ateu de meia tigela, de um anticlerical dos raivosos…

No parágrafo 33 ele desfere o golpe mais explícito, até então, na condenação do homossexualismo registrado pela bíblia. Novamente, os simpatizantes da causa gay tentam sempre colocar a questão da orientação, da preferência sexual, como uma dimensão muito relevante do ser humano, buscando conferir valor muito maior do que de fato ela possui, sobretudo quando pensamos na salvação de nossa alma. Notem bem: não cabe aqui relativismo também. A conduta sexual não é determinante para a salvação. Mas a sua deturpação é claramente razão de queda, pois torna o ser humano vulnerável a paixões desordenadas, e o expõe ao perigo de praticar pecados com o corpo e com a mente. E quanto a estes perigos, a natural conduta sexual heterossexual também está sujeita. Isto é mais uma comprovação da irrelevância prática da empreitada por se trabalhar uma problemática da orientação sexual.

É notória, contudo, a sagacidade do autor em avançar cautelosamente, sempre atacando a ortodoxia da Igreja em um ou mais poucos parágrafos emendando em seguida uma prevenção contra possível má interpretação. Mas no parágrafo 34 ele usa um argumento fajuto:

Mas, se assim fosse, este diagnóstico deveria também ser estendido à outras condenações bíblicas que hoje são interpretadas como importantes para aquele contexto histórico-cultural específico tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, como a proibição de comer carne de porco ou o uso obrigatório do véu pelas mulheres nas assembléias, respectivamente.

Ocorre que a proibição de comer carne de porco imposta desde os tempos mais remotos da civilização hebraica foi revisada no próprio Novo Testamento, ou seja, consta na bíblia a revogação de uma proibição. Mas não, não inclui permissão para homossexualismo:

16 Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. 17 Tudo isto não é mais que a sombra do que devia vir. A realidade é Cristo. (Col 2, 16-17)

Não satisfeito, o autor profere uma grave inverdade ao mesmo tempo que novamente nega a autoridade da Igreja. No parágrafo 35 temos: “A cultura bíblica entendia a humanidade como naturalmente heterossexual, de tal modo que a prática homossexual era um desvio, uma perversão, e não uma orientação involuntária nas pessoas. Dir-se-á que a posição da Igreja concorda então com a cosmovisão bíblica e, de fato, assim é. No entanto, os hagiógrafos não tinham acesso aos dados que hoje temos em relação à sexualidade humana. Eles nunca reconheceram a homossexualidade como algo não-escolhido, como já faz a Igreja, ainda que, apesar disto, não tire todas as conclusões desta premissa, condenando ainda a prática homossexual como pecaminosa.”
Devo lembrar ao autor e seus entusiatas moderinhos que nosso venerado papa Bento XVI, quando ainda Cardeal Ratzinger, à frente da Congregação para a Doutrina da Fé emitiu, com a aprovação do então papa João Paulo II em 01/10/1986 o documento CARTA AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA SOBRE O ATENDIMENTO PASTORAL AS PESSOAS HOMOSSEXUAIS [2], que mais recentemente foi referenciado pelo antepenúltimo arcebispo do Rio de Janeiro, D. Eugênio Sales em 2003 [3], o que confere atualidade e contemporaneidade à declaração, além do fato de que o agora papa Ratzinger não mudou sua opinião desde então, como nos prova a história e o jornalismo. O documento, em seu item 11 informa:

11. Alguns afirmam que a tendência homossexual, em certos casos, não é fruto de uma opção deliberada e que a pessoa homossexual não tem outra alternativa, sendo obrigada a se comportar de modo homossexual. Por conseguinte, afirma-se que, em tais casos, ela agiria sem culpa, não sendo realmente livre. A este propósito, é necessário referir-se à sábia tradição moral da Igreja, que alerta para as generalizações no julgamento dos casos individuais. De fato, em um determinado caso, podem ter existido no passado, e  podem subsistir ainda, circunstâncias tais que reduzem ou até mesmo eliminam a culpa do indivíduo; outras circunstâncias, ao contrário, podem agravá-la. Em todo caso, deve-se evitar a presunção infundada e humilhante de que o comportamento homossexual das pessoas homossexuais esteja sempre e totalmente submetido à coação e, portanto, seja sem culpa. Na realidade, também às pessoas com tendência homossexual deve ser reconhecida aquela liberdade fundamental que caracteriza a pessoa humana e lhe confere a sua particular dignidade. Como em toda conversão do mal, graças a tal liberdade, o esforço humano, iluminado e sustentado pela graça de Deus, poderá permitir-lhes evitar a atividade homossexual.

Infelizmente o autor não está nada preocupado com a obediência ao papa, como deixa claro em vários pontos do artigo, como nos parágrafos 38 e 39, onde mostra uma inspiração muito protestantizada de uma “liberdade de consciência” que salve os oprimidos gays do jugo de seguir a Cristo segundo o que é estipulado pela Sua Igreja:

Isto mostra existir outras posições além da oficial que se consideram também católicas, também inseridas na comunidade fundada por Jesus Cristo. Será que tais pessoas, comunidades, mentalidades podem de fato ser consideradas Igreja Católica?

A resposta vai depender do que significa “ser católico” para cada um. Se pertencer ao catolicismo significa adentrar nas fileiras uniformes sob o comando da mentalidade única do papa, poucos o conseguirão fazer, se forem sinceros. Mas se, assim fosse, haveria ainda catolicismo no sentido mais original do termo, ou seja, o chamado a ser Igreja seria de fato para todos os seres humanos?

O parágrafo 40 é um brinde à liberdade para se pecar, no “melhor” estilo de Lutero:

Um chamado para todos os seres humanos desde que eles caibam em uma estrutura fixa e rígida e não ajam de acordo com o que são (já que a sexualidade é muito mais do que uma questão do gênero sexual da pessoa por quem um indivíduo se sente atraído) é ainda um chamado à liberdade? (…) É possível a diversidade de pensamentos, vivências, visões de mundo no catolicismo?

Assim o autor pretende novamente empurrar os pecadores JUNTO com seus pecados e vícios pra dentro da igreja. Para este teólogo, Deus não nos chama à santidade, mas nos chama, ponto. Se estamos em pecado, não tem problema. “Venha como vier” que será feita vista-grossa quanto aos pecados… Ao invés de ser Deus a determinar a sua relação com os homens, o autor pretende que seja Deus a submeter-se às condições impostas pelos homens, sob pena de tolhir a liberdade das criaturas…
Respondendo à pergunta final do parágrafo: sim, é possível. Desde que não se incorra em pecado por causa de visões distorcidas.

Aqui um outro ponto essencialmente maligno. No parágrafo seguinte, após queixar-se da rigorosidade da Igreja Romana, o autor usa de vitimismo para, vejam bem, desencorajar o fiel da luta contra o pecado usando, inclusive, de ameaça:

Quem não puder, tente, se arrependa, tente de novo, ainda que passe a vida angustiado e tenha a sua auto-estima esfacelada pela luta interna contra si mesmo, tenha a esperança de ser feliz, um dia, no céu, quando tudo se acabar. Mas cuidado, pode ser que ao chegar ao banquete eterno encontremos à mesa muita gente diferente, aparentemente não convidada (Mt 8,11).

É curioso e contraditório que bem mais abaixo, no parágrafo 57, o autor nos afirme que (grifo meu): “A religião (…), por conseguinte também deve ser desta mesma forma. Tudo pode mudar, menos ela, porque é na fé que nos agarramos quando as outras coisas se transformam.”. Nega a autoridade da Igreja, na sua hierarquia, em seu magistério, mas sugere que uma tal entidade igreja (que há de ser outra, não podendo ser a mesma Igreja de Jesus Cristo, a católica…) seja imutável.

Entre os parágrafo 60 e 72 ele usa uma certa teologia duvidosa para abstrair do conceito da Trindade divina  uma pluralidade de gêneros sexuais. Esta “teologia”, meus caros leitores, é digna de um Luiz Mott e sua demoníaca vontade de “desconstruir a heteronormatividade”! Vejamos, está escrito no artigo (parágrafo 77):

Além disso, será que o fato de partilharmos algumas características em comum que nos identificam como ser humano do sexo masculino e feminino nos torna realmente iguais? Esta compreensão pressupõe uma maneira de pensar ainda muito ligada a definições. Se um ser humano é do sexo masculino e se chama João ou Carlos, ou do sexo feminino, chamando-se Patrícia ou Clara, o que eles têm em comum, ser humano de determinado gênero sexual, é o bastante para defini-los como iguais?

Para sanar esta dúvida que um teólogo, mesmo moderno, não deveria ter, podemos recorrer à Doutrina Social da Igreja. O compêndio registra:

146 O “masculino” e o “feminino” diferenciam dois indivíduos de igual dignidade, que porém não refletem uma igualdade estática, porque o específico feminino é diferente do específico masculino, e esta diversidade na igualdade é enriquecedora e indispensável para uma harmoniosa convivência humana.

147A mulher é o complemento do homem, como o homem é o complemento da mulher: mulher e homem se completam mutuamente, não somente do ponto de vista físico e psíquico, ms também ontológico. É somente graças a essa dualidade do “masculino”  do “feminino” que o “humano” se realiza plenamente. É a “unidade dos dois”, ou seja, uma “unidualidade” relacional, que permite a cada um sentir a própria relação interpessoal e recíproca como um dom que é, ao mesmo tempo, uma missão: “A esta ‘unidade de dois’, está confiada por Deus não só a obra da procriação e a vida da família, mas a construção mesma da história”[4]. “A mulher é ‘ajuda’ para o homem, como o homem é ‘ajuda’ para a mulher!”: no encontro de ambos realiza-se uma concepção unitária da pessoa humana, baseada não na lógica do egocentrismo e da auto-afirmação, mas na lógica do amor e da solidariedade.

Vale a pena confrontar estas palavras com a sugestão de “amor” e “comunhão”, “entrega” e “acolhimento” empregados no artigo.

Retornando um pouco, ao parágrafo 73, vemos que o autor demonstra mais uma vez a que conta toma a palavra da Igreja, ironizando-a: “Uma das objeções ao “amor gay” é que, sendo o amor do igual, fechado em si mesmo, uma atitude meramente egocêntrica e, por isso, merecedora da linda expressão cunhada tantas vezes nos documentos oficiais: um ato intrinsecamente desordenado.”

Tristemente, no último parágrafo (de número 81) o autor permite-se cometer o erro de apresentar o diálogo de Cristo com os pecadores e “marginalizados” de Sua época para sustentar que a Igreja deve “ao menos dialogar” com eles. Este erro foi cometido recentemente pelo deputado gay Jean Wyllys numa breve conversa que tivemos por twitter. É deprimente ver que o autor, pretensamente católico, pensa da mesma forma que um gayzista ordinário. Pensar e falar como um simpatizante de gay é até compreensível, mas pensar e falar como um inimigo da Igreja é o fim! Ao fazer menção ao fato de que Cristo veio para os pecadores, estes tratantes ocultam a verdade, pois Jesus dirigiu-se a eles sim. Perdoou seus pecados também. Mas mandou que não pecassem mais. Ele não dignificou ou transformou seus pecados em virtude. E é isso que essa gente quer que a Igreja faça. Como pode ele desejar que a Igreja dialogue com os pecadores num intuito de compreender suas razões e motivações para o pecado de forma a absorvê-los, de “inculturá-los”, para parar de ter de condená-los? É cuspir na face da Igreja e zombar de sua legitimidade, é fazer pouco o nenhum caso do seu compromisso com a Salvação.
Imaginemos uma situação: um pai entrega a seu filho 2 reais para que ele deposite na cestinha das ofertas, na missa. O filho resolve guardar o dinheiro para si e engana o pai, fingindo que fez o que lhe foi pedido. Porventura este pai, após descobrir a coisa errada que seu filho cometeu, quando for repreendê-lo deve dialogar com ele com a intenção de aprovar aquele ato incorreto dizendo, quem sabe: “Po, filho, por que você fez isso? Se queria dinheiro era só pedir! Toma aqui mais 5 reais…” ou ainda “Olha, filhão, pra evitar que você me roube e roube a igreja de novo, vou te dar 10 reais, metade pra você dar na igreja e metade é seu, tá bom, garotão?” ?

Tudo que os partidários do homossexualismo dentro da Igreja querem é relativizar. Cabe a nós, fiéis leigos, buscar aproximação com a ortodoxia e, amparados em bons padres e bispos, resistir aos ataques relativistas, e retirar das posições de destaque os agentes deste plano de arruinar a Igreja, de envenenar o Corpo Místico do Cristo.

Li uma frase interessante em um blog tradicionalista católico [5] que sintetiza bem esta busca incessante de fazer a Igreja se adequar ao que é contemporâneo, inovador, revolucionário:

É preciso distinguir o joio do modernismo do trigo da modernidade

 

Veja também:

Detenha-me ou eu te devoro


[1] http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000806_dominus-iesus_po.html
[2] http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19861001_homosexual-persons_po.html
[3] http://www.veritatis.com.br/article/1580
[4] Carta às mulheres, 8 – Papa João Paulo II, 1995
[5]http://www.tradicaoemfococomroma.com/2012/04/tradicao-pode-conciliar-se-com.html